Indígenas de Nioaque não são ”invisíveis”: cumprem deveres e lutam pelos direitos constitucionais

Ao som marcante da Dança do Bate Pau, música tradicional da cultura Terena, homens, mulheres e crianças reuniram-se, no dia 23 de abril para celebrar o mês dedicado ao Povos Indígenas. Não foi uma simples comemoração pois o simbolismo do encontro, na aldeia urbana de Nioaque, ficou evidente: nenhuma das pessoas ali presente não pode ser mais considerada como ”invisíveis”. É uma comunidade que trabalha, produz, exerce seus deveres de cidadania – como votar, por exemplo – e, óbvio, luta pelos seus direitos constitucionais.

André Guimarães ressalta importância dos Povos Originários de Nioaque


O advogado e empresário André Guimarães, convidado juntamente com a esposa e filhos para a reunião na aldeia, disse que as famílias indígenas do município, palco de importantes momentos históricos do Brasil, são participativas com o desenvolvimento de Nioaque e, consequentemente, de Mato Grosso do Sul, em, todos os sentidos. Disse, ainda, ser testemunha da preocupação dos povos indígenas da região em participarem de momentos importantes da vida da região, inclusive nas eleições.

Os indígenas têm se mostrado participantes nas eleições municipais e gerais. Em 2020, vale ressaltar, o vereador mais votado foi da etnia Terena.

Nioaque


Nioaque está distante 177,8 quilômetros de Campo Grande, Capital de Mato Grosso do Sul. É pacata, com uma população estimada de 13.794 (dados do IBGE do censo de 2020). O nome do município deriva da palavra tupi-guarani ”Anhuac” que, traduzida para o português, significa ”clavícula quebrada”. A palavra original era a designação do rio, hoje Nioaque, que banha a cidade. Sua grafia antiga era Nioac.

A Terra Indígena de Nioaque é formada por quatro aldeias: Água Branca, Brejão, Cabeceira e Taboquinha e representa uma população de mais de 1.400 habitantes.

Palestra


Em Mato Grosso do Sul, os povos indígenas são representados pelas etnias Atikum, Guarani (Ñandeva, Mibya), Guató, Kadiwéu, Kaiowá, Kinikinau, Ofaié e Terena. São quase 80 mil indígenas em MS, mantendo suas tradições e culturas. Ainda conforme dados do IBGE Japorã (49,4%), Paranhos (35,7%) e Tacuru (35,6%) são os municípios do estado com maior percentual de população indígena.

E a Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos) realiza na próxima quinta-feira (27), a partir das 9h, a palestra ‘Dialogando sobre Povos Originários, no contexto dos Direitos Humanos’. O evento, ainda em alusão ao Mês Indígena, busca ampliar o conhecimento da sociedade sobre os povos originários, trazendo uma perspectiva a partir dos direitos humanos.

Elvisclei Polidorio, coordenador Regional da Funai em Campo Grande e o professor doutor, Antônio Urquiza, também coordenador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), serão os palestrantes do evento, que será transmitido pela página da Sead no Facebook.

Povos originários são aqueles que descendem dos primeiros habitantes de um território. No Brasil, esses povos representam 0,4% da população total do país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Organizada pela Secretaria Executiva de Direitos Humanos da Sead, a ação aplica ainda a transversalidade das políticas públicas, com o múltiplo saber de outras pastas de diferentes poderes, como o executivo federal.

Evento
Palestra ‘Dialogando sobre Povos Originários, no contexto dos Direitos Humanos’
Data: Quinta-feira, 27 de abril, a partir das 9h
Local: Auditório da Sead. Avenida desembargador José Nunes da Cunha, Bloco 3, Parque dos Poderes.